Recentemente, realizei um trabalho para a universidade que se intitula “A Ameaça Otomana à Europa - séculos XV-XVII”. Nele tive a oportunidade de explorar o Império Otomano, sobre o qual pouco conhecia, o impacto deste na Europa da Idade Moderna e, por conseguinte, na atual.
Até à data, nutria grande admiração pelo Império Romano, sentimento que é partilhado por milhares de pessoas. No entanto, com a pesquisa para o trabalho supramencionado, apaixonei-me completamente por este estranho Império que floresceu no século XIII e durou até ao findar da I Guerra Mundial. Não obstante, a sua importância caiu quase no esquecimento e hoje são encarados como bárbaros e traiçoeiros.
Não pretendo agora falar acerca do Império Otomano como um todo, mas sim debruçar-me num assunto não abordado no trabalho mas que não deixa de ser era curioso - O Sultanado das Mulheres.
Este período de tempo teve lugar durante o auge do Império Otomano, ou seja, entre o séculos XVI-XVII.
Foi um momento dentro da história otomana onde o verdadeiro poder político dos imperadores enfraqueceu, estando progressivamente colocado nas mãos das suas mães, esposas, irmãs e filhas. É necessário entender que nesta altura, muitos imperadores eram menores de idade e, portanto, incapazes de governar o Império, sendo este governado por mulheres que, anteriormente, tinham sido subjugadas à escravatura.
Isto não quer dizer, porém, que as esposas reais não fossem poderosas no Império Otomano antes ou depois desta época. A reclusão doméstica não significava a perda do poder das mulheres. O estereótipo ocidental de “Harém” como sendo apenas um centro de atividade sexual promiscua, perdeu a sua ênfase durante grande parte do Império - várias fontes de várias épocas revelam, inclusive, que entre os turcomanos as esposas desfrutavam de uma posição muito elevada: eram tutoras políticas e responsáveis por missões diplomáticas importantes; podiam governar as suas propriedades e terem o seu próprio negócio. A caridade, que ganhou maior notoriedade aquando da conquista de Constantinopla em 1453, foi também um grande passo para construção do Império. Foi Hurrem, esposa de Solimão, o Magnífico, quem mais trabalhos de caridade praticou, criando escolas, apoios sociais, mesquitas, hospícios, tornando-se uma mulher querida para o povo. Por todos estes caridosos atos e pelo seu sublime desempenho político, Hurrem tornou-se na esposa predileta de Solimão, usufruindo de inúmeros privilégios. Quando, no final do século XVII, a ênfase da mulher começa a desvanecer, o Império Otomano começa, a pequenos passos, a perecer, tendo completado em 1918.
Apesar de toda a tirania verificada no Império Otomano, a mulher ganha destaque, algo que nem a Democracia grega nem a Revolução Francesa de 1789 conseguiu no Mundo Ocidental. Esta tolerância para com a mulher era paralela à tolerância religiosa e racial que auxiliou as conquistas no Sudoeste da Europa (Península Balcânica) e a Leste da Ásia, contrastando com as intolerâncias e com os massacres que se verificava na Europa Ocidental - caso disso são as Cruzadas, a Inquisição, as Guilhotinas…
Por esta e por demais razões é que o Império Otomano captou a minha atenção - pela sua singularidade e importância, mesmo sendo um império asiático.
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O meu trabalho pode ser consultado aqui: http://www.slideshare.net/anacriscarvalho1/a-ameaa-otomana-europa
Olá, desejo-te sorte com o blogue. Gostei muito, fiquei a saber mais algumas coisinhas :)
ResponderEliminarEspero que corra bem e fico à espera :)
Beijinhos.
Obrigada, Catarina! :)
ResponderEliminarHoje aprendi uma coisa nova, sem dúvida.
ResponderEliminarFoi bem interessante saber que as mulheres tinham um papel importante em alguma parte na história. *-*
Continua com o blog!
Sim, ainda bem que se lembraram das mulheres num império tirano, e ainda bem que gostaste! :)
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