sábado, 15 de fevereiro de 2014

Romances que marcaram a História.

No post de hoje decidi escrever acerca dos meus três casais preferidos que marcaram a História e o romance e que, mesmo passado tanto tempo, continuam a soltar suspiros e a servir de inspiração a muitos artistas e apaixonados.
Sem mais demoras, ei-los:


D. Pedro de Portugal e D. Inês de Castro

D. Pedro I, oitavo rei de Portugal, e D. Inês de Castro são um dos casais cuja a história de amor é uma das mais famosas do mundo. 
Quando D. Pedro casou com a princesa espanhola D. Constança - um casamento arranjado - conheceu D. Inês de Castro, uma das damas de companhia da princesa, apaixonando-se perdidamente. 
Sabendo deste caso amoroso, D, Afonso IV, pai de D. Pedro, temendo as consequências, mandou D. Inês de Castro de novo para Espanha. Contudo, quando D. Constança morreu, D. Pedro procurou a sua amada, casando-se em segredo.
D. Afonso e dois conselheiros, continuando a condenar o envolvimento, sentenciaram D. Inês à morte, cortando-lhe a cabeça. D. Afonso IV morreu dois anos depois do crime que cometeu. O lugar onde D. Inês foi assassinada chama-se hoje Quinta das Lágrimas e fica em Coimbra.
Quando D. Pedro subiu ao trono vingou a morte de D. Inês de Castro executando de modo cruel os ex-conselheiros do pai: arrancando-lhes o coração. Dizia que era assim que se sentia desde que D. Inês tinha morrido. D. Pedro elevou D. Inês de Castro a rainha já depois de morta e obrigou toda a corte a beijar-lhe a mão, ou o que restava dela (porque D. Inês já tinha morrido há dois anos).
Mandou depois construir o Mosteiro de Alcobaça, onde fez um belo túmulo para D. Inês. Mesmo em frente mandou construir o seu, onde foi enterrado em 1367. Diz-se que estão nesta posição para que, quando acordarem no dia do Juízo Final, olhem imediatamente um para o outro. 
A trágica história de D. Pedro e D. Inês inspirou poetas, escritores e compositores em Portugal e no estrangeiro. Luís Vaz de Camões foi um dos primeiros escritores a celebrar a lenda, em "Os Lusíadas" (Canto III; 118-135).
Foi recentemente realizada uma série televisiva pela RTP retratando o romance intitulada Pedro e Inês. Ou também o filme Inês de Portugal. Quanto à literatura, existem inúmeras publicações mas, tendo eu já lido, recomendo-vos A Rainha Morta e o Rei Saudade, de António Cândido Franco, editado pela Ésquilo.

Dante Alighieri e Beatrice Portinari

O amor à distância de Dante é, certamente, um dos que mais suspiros suscita.
Dante tinha aproximadamente nove anos quando pousou os seus olhos em Beatriz pela primeira vez, na linda cidade italiana de Florença. Era mais nova que ele e envergava um lindo vestido carmesim.
Ela cativou-o completamente. Tal como escreveu mais tarde: "Desde então, o Amor assenhorou-se, de facto, da minha alma, que logo a ele se uniu; e passou a ter sobre mim tanto ascendente, a exercer tal domínio, pela força que lhe dava a minha imaginação, que (...) mandava-me amiúde que procurasse ver aquela angélica criatura". Nos nove anos seguintes, Dante continuou absorvido por aquela mulher, observando-a à distância. Foi apenas em 1283, quando tinha 18 anos, que Beatriz lhe falou pela primeira vez, quando passou por si na rua.
Tendo ambos vivido no século XIII, onde os casamentos eram por norma arranjados desde cedo, Dante e Beatriz casaram com pessoas diferentes. Dante, aos 21 anos, casou com Gema Donati, e Beatriz casou um ano depois com quem lhe estava destinado, morrendo três anos depois, com 24 anos. Dante ficou devastado. Permaneceu devoto a Beatriz até ao final dos seus dias, sendo ela a principal inspiração do seu notável trabalho literário, como "Vita Nuova" (Vida Nova) e La Divina Commedia (A Divina Comédia).


Abelardo e Eloísa

Abelardo e Eloísa são um dos casais mais lembrados de todos os tempos, conhecidos pelo seu romance e pela tragédia que os separou.
Pedro Abelardo foi um filósofo e teólogo francês, considerado um dos maiores pensadores do século XII. Os seus ensinamentos, contudo, eram controversos e era repetidamente acusado de heresia. Mas nada o preparara para as consequências do seu amor com Eloísa.
Eloísa era a sobrinha e o orgulho de Canon Fulbert. Conhecida também pela sua sabedoria, é apenas natural que Abelardo tenha desejado conhecer a jovem. Para isso, persuadiu o tio da jovem a lhe permitir ensinar Eloísa, mudando-se para sua casa, pouco tempo depois.
Para além da sua sabedoria, Eloísa era também portadora de imensa beleza, características que fizeram com que se tornassem amantes. Contudo, Eloísa tinha menos 20 anos que Abelardo e o seu tio descobriu o romance. Pouco tempo depois Eloísa engravidou de um menino, Astrolábio. Abelardo e Eloísa casaram em segredo, Eloísa foi para um convento e Astrilábio ficou com a irmã de Abelardo. No entanto, Fulbert, descobrindo a traição, vingou-se e castrou Abelardo. 
O casal permaneceu separado o resto das suas vidas, trocando cartas longas e românticas, jurando amor eterno, estando hoje sepultados lado a lado. As cartas que trocaram estão hoje traduzidas para várias línguas (excepto para português) - podem encontrá-las aqui, traduzidas para inglês. Pedro Abelardo também escreveu sobre a sua tragédia em Historia Calamitatum.
Em formato audiovisual recomendo-vos o filme Stealing Heaven, de 1988, que podem ver aqui.

Todas estas histórias, cujo amor tocou milhares de pessoas tanto durante a vida como após a morte, são inspiração para autores de romances, cinematógrafos, músicos. Existem, claramente, outras histórias (Páris e Helena, Cleópatra e Marco António, Tristão e Isolda, a Rainha Isabel de Portugal e Carlos V, Rainha Victória e Príncipe Alberto, por exemplo), mas estas são as minhas três favoritas, e se eu fosse escrever acerca de todos os romances que gosto, não sairíamos daqui.
E, sendo este o mês do amor, considero a altura perfeita para prestar homenagem ao legado duradouro que são as histórias de amor.

3 comentários:

  1. Belo tópico para abordar.
    Não conhecia a história do último casal mas é bastante bonita. :)
    Infelizmente estes romances são sempre dramáticos e nunca acabam bem. Com estes casos podia-se escrever um guia de como evitar que um romance o mate.

    Keep going.

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    1. Quase ninguém conhece a história de Abelardo e Eloísa, mas é bem bonita. Claro que aqui optei por pôr uma versão romantizada de todos eles porque, na verdade, todos eles tiveram pormenores mais obscuros. Mas como era um post de Dia de São Valentim...
      Pois, esse guia daria jeito a muitos apaixonados :p

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  2. A minha preferida é de Pedro e Inês. Sou de facto apaixonada por a história de amor dos dois! Também queria viver um amor assim tão intenso... Continua a escrever, que tens futuro!

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